A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados realizou na última terça (31/5) um seminário sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O evento reuniu especialistas, educadores e gestores em um dia inteiro de discussões.
Diversos representantes do Movimento pela Base estavam presentes e participaram das mesas. Na abertura, Eduardo Deschamps, presidente do Consed, Iolanda Barbosa da Silva, representante da Undime, Maria Helena Guimarães Castro, Secretária Executiva do MEC, deputado Alex Canziani, Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann e membro do Movimento pela Base Nacional Comum e a deputada Dorinha Seabra ressaltaram a relevância da BNCC para o Brasil e defenderam a continuidade do processo e do debate plural de ideias:
“O MEC entregou ao Consed, à Undime e ao Conselho Nacional de Educação a segunda versão da BNCC. Ali, assumimos o compromisso de realizar seminários estaduais para debater com gestores, com professores, com estudantes, com a sociedade de uma maneira geral. Consed e Undime são formados por secretários e secretárias, que têm dimensões político-partidárias e ideológicas absolutamente diversas. E nós precisamos sempre estabelecer o diálogo. Que a gente possa ter serenidade, maturidade para costurar algo que não é simples, que desperta paixões, mas que certamente vai garantir qualidade para nossa educação nos próximos anos. Depois dos seminários, como diz a própria legislação, cabe ao MEC fazer o encaminhamento ao CNE desse trabalho”, explicou Eduardo Deschamps.
Os temas discutidos no Seminário foram a Base na Educação Infantil, no Ensino Fundamental, a área de Ciências Humanas na Base e a Base no Ensino Médio. Na maioria das mesas, as discussões foram marcadas pela pluralidade dos pontos de vista dos palestrantes e pelo foco nos avanços que a segunda versão trouxe e melhorias que ainda precisam ser feitas nas próximas fases. Como ilustrou a professora Katia Smole, diretora do Mathema e membro do Movimento pela Base, ao discutir a área de matemática “Esta Base, em matemática, está muito melhor do que a primeira versão. As pessoas que a escreveram são sérias, de alta qualidade e fizeram o melhor que podiam no tempo que tinham. Mas o documento ainda merece atenção. Ainda não ficou muito clara, por exemplo, a relação da Educação Infantil com o Ensino Fundamental. A Álgebra, no Ensino Fundamental 2, não tem a progressão clara. A Base de Matemática não dialoga ainda com questões de Física e Química”, explica a especialista.
O debate sobre as Ciências Humanas – feito por Orley José da Silva, professor de Goiânia, Bráulio Porto de Matos, da UnB, e Padre José Eduardo Silva, da Faculdade São Bento – foi desviado para outro foco: as propostas do projeto Escola sem Partido. Quase nenhum apontamento foi feito sobre o conteúdo da Base nesta área do conhecimento. As falas neste painel geraram reação de movimentos sociais presentes no seminário, que carregavam cartazes com os dizeres “A Educação não aceita mordaça” e protestaram contra o que chamaram de grande equívoco.
Por fim, o Secretário de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares da Silva, lembrou que o debate no dia de hoje só estava sendo possível porque a proposta preliminar da Base existia. “A primeira versão da Base Nacional Comum, lançada lá atrás, e que criticamos muito, teve um grande mérito: só criticamos porque ela existiu, porque foi o ponto inicial de debate”. E completa, reforçando a importância da continuidade do processo e da centralidade das escolas na construção do documento: “a Base não caiu do céu e a terceira versão não vai cair. Ela virá realmente deste debate tão importante, na base, nas nossas escolas”.
Assista à primeira parte do debate, pela manhã:
E abaixo, a segunda metade do seminário que ocorreu na parte da tarde: